Como dar gorjeta na Itália? Como funciona a conta no restaurante?

Viajar para Itália é sempre delicioso, não importa se é sua primeira vez, se você já foi mais vezes, se está acostumado ou não.

Mas um assunto que acaba sempre vindo à tona, principalmente se você ‘estreando’ no país em formato da bota é em relação às contas nos bares e restaurantes e às gorjetas! Afinal, como dar gorjeta na Itália?

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Antes de tudo, sempre bom lembrar-se de alguns fatos importantes dos bares e restaurantes italianos e que podem te ajudar em algum momento; um deles é estar ciente de que há lugares que cobram o famoso ‘coperto’, outros não.

Conta na Itália: O que é o coperto?

Mas o que é esse tal de ‘coperto’?

Bem, o ‘coperto’ é um valor referente aos serviços prestados na mesa e que inclui em seu valor a limpeza das louças, dos talheres, dos copos, das toalhas, dos guardanapos e, caso você esteja em um grande restaurante, inclui também a utilização de todos os equipamentos formais para o atendimento.

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Custa em torno dos 2 euros (o valor pode variar e chegar até a 10 euros) e, resumidamente, é como se você pagasse para se sentar à mesa. 

É uma prática que possui origens históricas bem específicas e, dizem, que este costume vem lá da Idade Média.

Nessa época, quando viajantes, peregrinos e agricultores chegavam às cidades para fazer suas refeições e iam até um estabelecimento, muitos deles traziam a própria comida e bebida.

Como os proprietários dos bares e restaurantes notaram que eles só utilizavam o lugar para se alimentaram em um lugar ‘coperto’ (coberto), eles começaram a observar a oportunidade de cobrar por esse ato oferecendo aos clientes talheres, pratos e copos e, assim, nasceu o ‘coperto’.

Então, caso você queira tomar um café rápido em uma parada estratégica durante o dia, você pode ficar no balcão e ficar em pé, mas, se fizer questão de se sentar, saiba que este valor ‘a mais’, poderá vir na sua conta.  

Conta na Itália: localização da mesa

Uma prática que também é muito comum em alguns restaurantes italianos e que poucos sabem: eles cobram pela localização da mesa! Como assim?

Pois é, pessoal! Se você vai a um restaurante e esse restaurante possui, por exemplo, um terraço, ou uma área com uma vista privilegiada, e opta por uma mesa ali, eles podem te cobrar um valor extra pela mesa.

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Evidente que, assim como o coperto, não é um dos valores mais absurdos que você já viu na vida, mas é possível que você precise pagar um pouco a mais por isso.

Abaixo, algumas dicas rápidas para você ficar tranquilo quando a sua conta chegar: 

A conta final nunca pode ser uma surpresa! 

Ao escolher o prato e o vinho que você for consumir, você já sabe, mais ou menos, quanto vai gastar ao final da refeição.

Se quando sua conta chegar você notar um valor muito acima do que você ‘calculou’, se a conta estiver com um preço muito acima do esperado é porque, possivelmente, algo deu errado na hora do fechamento!

Sempre confira sua conta, principalmente quando você tiver pedido um vinho ou alguma outra bebida.

É sempre muito importante que, caso você peça somente uma taça de vinho, pergunte ao garçom – antes de confirmar o pedido – o valor da taça, porque, de repente, você está pagando por toda a garrafa e nem sabe.

Qualquer estabelecimento sério sabe e informa todos os possíveis custos adicionais ao cliente de maneira transparente e clara, no entanto nós, os consumidores, também precisamos estar sempre atentos aos valores cobrados.

O mesmo vale caso sua conta venha com um valor abaixo (ou muito abaixo) do que foi consumido: seja elegante e informe ao estabelecimento o possível erro, de repente algo foi ofertado como cortesia pelo dono do local e, caso você não mostre esse erro, pode criar um mal estar entre vocês.

Lembre-se de que eles estão prestando um serviço e, claro, merecem ser reconhecidos por isso! 

Preste atenção nos valores do cardápio! 

Alguns locais, bares ou restaurantes, deixam o cardápio na porta, onde você pode verificar os preços praticados ali.

Muitos lugares, principalmente os restaurantes e bares mais turísticos, possuem dois cardápios: um para turistas e outros para os ‘locais’.

Lembre-se dessa dica: peça, sempre, o cardápio em italiano! Por quê?

Porque os valores podem ser diferentes entre um e outro, e não é uma diferença pequena, não! É uma diferença bem considerável!

Sei que é uma prática que acaba sendo bem chata e desonesta, pois alguns donos de bares e restaurantes querem tirar proveito dos turistas, mas isso não é raro e é bom você saber que existe esse tipo de coisa.

Infelizmente pessoas com intenções ruins existem em qualquer lugar do mundo e a Itália não esta livre disso. 

Cuidado com a bebida! 

Como já dissemos anteriormente, mas vale reforçar: tenha clara a informação do valor que você está pagando pela bebida que você está consumindo!

Por exemplo, se optar por uma taça do vinho X, certifique-se de que você não pagará pela garrafa inteira.

Te digo isso pelo simples fato de que, em alguns lugares, pode ser que eles não tenham a garrafa do vinho que você escolheu aberta, então pode ser que eles queiram te cobrar pela garrafa inteira, mesmo que você tenha pedido somente uma taça.

Bom saber também que, em alguns restaurantes, é oferecido ¼ de vinho da casa por mesa e eles acabam não cobrando esse valor – ou cobram um valor bem simbólico – mas, em outros lugares, eles cobram ¼ de vinho como se fosse uma garrafa toda de um vinho caríssimo, então, fique esperto com esses detalhes!

Na dúvida: não hesite! Peça a carta de vinhos ou o cardápio do bar para tirar sua dúvida! Não é feio e é um direito que você tem! 

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Vale lembrar que não é errado conferir a conta quando ela chegar, mas pode ser meio deselegante; por isso, faça uma conta rápida, mentalmente, para saber, mais ou menos, quanto você vai gastar e veja se sua conta bate com aquela que foi entregue a você.

Caso sua conta venha com um valor muito absurdo, ou com alguma cobrança indevida, converse diretamente com o garçom e explique a situação.

Caso ele não consiga resolver seu problema ou insista que você tem que pagar aquela conta, peça gentilmente para conversar com o gerente, mas seja sempre educado, afinal, todo mundo erra e pode ser que, na hora de fechar a conta, eles tenham cometido algum equivoco!

Guarde as ‘pedras’ no bolso e converse numa boa, explicando o que está acontecendo e explicando o que, a seu ver, está errado. 

Como dar gorjeta na Itália? A conta na Itália tem os 10% do serviço?

E os 10% do garçom?

Bom, na Itália não é obrigatório pagar o famoso 10%, portanto você não vai encontrar este valor na sua conta final, mas, em compensação, é o valor sugerido quando falamos de gorjeta, pois é o valor mais ‘justo’ pelo serviço que lhe foi oferecido!

Evidente que estamos falando de um bom trabalho, caso você não tenha gostado do serviço prestado e não oferecer a gorjeta: eles entenderão!

Tenha certeza disso! Por falar em gorjeta, vamos saber um pouco mais de onde vem essa prática?

A palavra gorjeta vem do termo latim gurg, que quer dizer ‘garganta’; a palavra deriva do termo gorja, que era uma espécie de bebida para ‘molhar a garganta’ e, portanto, equivaleria ao valor dado ao garçom para que ele, após o trabalho, pudesse pagar por essa bebida para relaxar.

Encontramos a mesma explicação no caso do francês, pourboire, que significa, literalmente, ‘para beber’; no alemão temos o termo trinkgeld, que quer dizer ‘dinheiro para beber’.

Já em português há um pequeno vestígio dessa origem na expressão ‘molhar a garganta’: o valor oferecido como gorjeta, portanto, serviria para pagar um café ou uma bebida após o expediente.

No entanto, para a palavra em italiano, mancia (lê-se mântchia), há outra explicação: este termo, provavelmente, vem do francês ‘manches’ (manga).

Isso porque nos torneios esportivos os cavaleiros, em caso de vitória, recebiam como ‘cortesia’, como uma espécie de ‘presente’, a manga do vestido da dama cortejada, ou seja: era uma gentileza da mulher para mostrar que ela tinha aprovado o desempenho do atleta na competição. 

Historicamente não se sabe a origem precisa dessa prática e não há registros de como nem de como quando isso começou, há algumas teorias, porém tudo indica que, assim como o coperto, ela tenha surgido na Idade Média.

Há algumas explicações para o costume e alguns alegam que isso tenha se iniciado na Idade Média e que era uma forma dos cavaleiros fazer com que as garçonetes das tavernas não parassem de servir cervejas.

Há quem diga que o costume veio da Alemanha, no final do século XVI, e que o prestador de um serviço bem executado era agraciado com um pequeno valor, a trinkgeld, para que ele pudesse beber após o seu turno.

Outra teoria é de que o costume veio da Inglaterra e começou com a Dinastia Tudor, que oferecia dinheiro aos seus funcionários como forma de agradecimento por um serviço prestado com excelência e que essa ideia agradou convidados que frequentavam a casa da família, fazendo com que eles levassem essa ideia de ‘premiação’ para os estabelecimentos comercias.

A Grécia também aparece como possível ‘berço’ da gorjeta, mas de uma maneira um pouco insólita: muitos historiadores dizem que os clientes deixavam um gole de vinho nos copos para quem os funcionários vissem o gesto como um agradecimento pelo atendimento e para que os garçons bebessem ‘por conta do cliente’.

Fato é: a ideia pegou e perdura até hoje!

Para que serve a gorjeta?

Agora que já sabemos de onde vem a gorjeta, é bom saber também para o que ela serve, embora muitos achem que é somente para agradar ao funcionário!

Na verdade a gorjeta é ofertada pelo cliente diretamente para o garçom que lhe prestou o serviço porque todo o valor que aparece no recibo fiscal do estabelecimento é registrado e conferido por entidades fiscais.

Ou seja, precisa ter dedução de impostos e ser declarado, então mesmo que o dono do estabelecimento divida o lucro da taxa de serviço cobrada com seus funcionários, além do salário, o valor que chega às mãos do pessoal que trabalha ali como um ‘bônus’ por seu bom serviço prestado aos clientes, pode ser bem irrisório.

Embora não seja obrigatório oferecer a gorjeta, caso você se recuse a fazer a oferta, como já dissemos anteriormente, o profissional e o estabelecimento, podem ver essa recusa como uma crítica ao serviço e aos produtos servidos.

Muitos, inclusive, se ofendem caso você não dê gorjeta. É óbvio que se você não gostou do atendimento, que se a comida não estava do seu agrado, se algo inoportuno aconteceu ou se, de repente, o vinho servido não era o que você esperava, você não precisa se sentir mal em reduzir o valor da gorjeta ou nem oferece-la!

Sinta-se à vontade para agir como achar melhor, mas, se você amou o atendimento, a comida e todo o resto: capricha na gorjeta!

Significa muito para um garçom e para um bar (ou restaurante) terem o trabalho reconhecido; isso dá muita força para esses profissionais que trabalham tanto e, tenha certeza, você vai deixa-los muito felizes! 

Nos tempos atuais, vale lembrar também, que diversos estabelecimentos adotaram a medida de incluir o valor da gorjeta nos serviços e esses valores ficam meio embutidos no preço dos produtos e do serviço oferecido; por quê? Porque muitas pessoas não davam gorjeta!

A prática também é muito utilizada em navios de cruzeiro: o valor da ‘gorjeta’ é pago ou a parte ou é incluído no valor total da viagem. 

Conclusões: como é a conta e como dar gorjeta em Roma?

Não é difícil entender uma conta num bar ou restaurante italiano; faça como você sempre fez: preste atenção, tenha bom senso e, na hora de dar a gorjeta, não se esqueça de sorrir e agradecer o profissional que te atendeu, tenha certeza de que ele fez o melhor que pôde! 

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Quem escreveu essa matéria?

Ana Patrícia da Silva. Rondoniense, vivendo na Itália há 15 anos; formada em Turismo pela Universidade da Calábria e em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com um master em turismo cultural pela Fundação Garrone (Sicilia), é a fundadora do Blog Viajando para Itália.

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Comentários:
Sandra disse:

Uau vc é ótima. Parabéns.

Klécia disse:

Que bom que gostou das dicas, Sandra 😀