8 escritoras brasileiras contemporâneas para conhecer

Escritoras brasileiras contemporâneas | Sempre que podemos, damos espaço para divulgar o trabalho de escritoras mulheres aqui no blog.

Vem sendo assim no Legendi Mundi (nossa volta ao mundo com livros escritos por mulheres), e é assim sempre que falamos de literatura por aqui.

Ao longo da história, as mulheres escritoras nunca tiveram o mesmo espaço e a mesma visibilidade que os homens. Isso acontece no mundo todo, e não é diferente aqui no Brasil.

Pensando nisso, preparamos essa lista para divulgar o trabalho de escritoras brasileiras contemporâneas.

Existem muitas mulheres fazendo um trabalho incrível na literatura contemporânea nacional, e precisamos dar voz e vez para que elas, cada vez mais, conquistem o espaço que merecem nas estantes das livrarias.

Vem com a gente, conhecer o trabalho dessas escritoras brasileiras contemporâneas e, quem sabe, incluí-las na sua lista de leituras futuras!

Nessa lista, há uma grande diversidade de autoras, com mistura de estilos e publicações para todos os gostos. Tá lindo de ver!

8 escritoras brasileiras contemporâneas para conhecer

Conceição Evaristo

Mineira de Belo Horizonte, nascida no ano de 1956, Conceição Evaristo é negra, cresceu em uma favela e hoje é uma das principais escritoras brasileiras.

Depois de uma infância humilde, ajudando a mãe e a tia com trabalhos domésticos, ela cursou magistério, foi aprovada em um concurso no Rio de Janeiro, para onde se mudou.

Lá deu continuidade aos estudos e se tornou a primeira pessoa da família a ter um diploma de curso superior – Letras na PUC-RJ.

Sua estreia na literatura foi em 1990, quando teve alguns poemas publicados na coletânea Cadernos Negros, com temática na literatura afro-brasileira.

Participou de diversas antologias, até que publicou seu primeiro romance, “Ponciá Vivêncio”, em 2003.

Os livros mais recentes – e mais conhecidos – são de contos. E, independente do gênero, sua escrita tem como tema central a vivência das mulheres negras, bem com o preconceito racial, social e de gênero.

Em 2015 Conceição Evaristo ganhou o Prêmio Jabuti, tradicional prêmio da literatura brasileira. E em 2019 foi homenageada como Personalidade Literária do ano na mesma premiação.

Em 2018 concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras – se eleita, ela seria a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira.

Na internet houve uma forte campanha feita por leitores, fãs e movimentos sociais, que recolheram dezenas de milhares de assinaturas em uma petição, já que seria um acontecimento de grande representatividade. Mas, apesar disso, ela teve apenas um voto.

Mais obras da autora:

– Becos da Memória
– Insubmissas lágrimas de mulheres
– Olhos d’água
– Histórias de leves enganos e parecenças
– Canção para ninar menino grande

Jarid Arraes

Um dos principais nomes da literatura de cordel na atualidade, esta cearense nascida em 1991 na cidade de Juazeiro do Norte vem de uma família de cordelistas.

Por isso, desde cedo teve contato com esse gênero que é tradicional na região Nordeste.

Ela começou publicando textos em um blog pessoal, chamado “Mulher Dialética”. Foi colunista de outros sites e revistas, sempre abordando pautas como direitos das mulheres, racismo, direitos LGBT e temas afins.

Até que em 2015 lançou sua primeira publicação, “As lendas de Dandara”, sobre Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi, misturando acontecimentos históricos na luta quilombola com algumas lendas e fantasias.

Hoje Jarid Arraes tem mais de 70 títulos publicados, entre prosas, poesias, contos e cordéis, incluindo também alguns infantis como “A menina que não queria ser princesa” e “A bailarina gorda”.

Em 2019 foi a primeira mulher cordelista a participar da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). No mesmo ano ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de Literatura na categoria contos e crônicas.

Mais obras da autora:

Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis
– Redemoinho em dia quente 
– Um buraco com meu nome

Natália Borges Polesso

Nascida em 1981 em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, Natália é professora, tradutora e doutora em Teoria da Literatura pela PUC-RS.

Ela já é um dos principais nomes da literatura gaúcha e vem ganhando cada vez mais visibilidade em todo o Brasil.

Entre contos, poemas e prosas poéticas, Natália tem cinco livros publicados, além de participações em outras obras. O que mais me chama atenção em seu trabalho é a forma como aborda temas relacionados a mulher com muita sensibilidade e sentimento.

Seu primeiro livro a ser lançado foi “Recortes para álbum de fotografias sem gente”, em 2013. Em 2016 ganhou o tradicional Prêmio Jabuti na categoria contos com “Amora”.

E em 2017 foi incluída na lista Bogotá39 entre os 39 escritores de até 40 anos com maior destaque na América Latina.

Ela também já teve algumas publicações traduzidas para espanhol e inglês, que estão disponíveis em outros países.

Mais obras da autora:

– Coração à corda
– Selvagem
– Pé atrás
– Controle

Elisa Lucinda

Escritora, poetisa, atriz, jornalista e cantora, Elisa nasceu em 1958 em Vitória, no Espírito Santo, e mora há muitos anos no Rio de Janeiro.

É uma profissional multifacetada e premiada em todas as áreas nas quais atua, seja no teatro, na televisão ou na literatura.

Em 1994 lançou seu primeiro livro de poesias, “O semelhante” e, a partir dele, montou uma peça com o mesmo nome, na qual intercalava leituras e conversas com o público.

Ao longo da carreira teve outros espetáculos neste mesmo formato, surgidos depois da publicação de um livro.

Entre contos, poemas e romances, quase sempre escritos com uma linguagem direta e irônica, ela se tornou uma voz potente na literatura brasileira.

O destaque de suas obras vem especialmente quando aborda questões de gênero, desigualdades sociais e raciais.

Mais obras da autora:

– A menina transparente
– A fúria da beleza
– Vozes guardadas
– Livro do Avesso

Ryane Leão

Nascida no Mato Grosso em 1989 e vivendo em São Paulo, onde se formou em Letras pela Unifesp, começou a carreira publicando poemas nas redes sociais e em cartazes colados pela cidade.

Tem apenas dois livros publicados, mas ambos nas listas de mais vendidos do país, o que fez com que ela rapidamente se tornasse um dos grandes nomes femininos da literatura brasileira na atualidade.

Seu primeiro livro, “Tudo nela brilha e queima: poemas de luta e amor”, foi lançado em 2016 com um financiamento coletivo. E a publicação foi um enorme sucesso, com mais de 40 mil exemplares vendidos.

Em 2019 lançou o segundo livro: Jamais peço desculpas por me derramar: Poemas de temporal e mansidão.

Ryane sempre escreve em primeira pessoa e de forma muito aberta fala de amores, dores, prazeres e outros temas com os quais o público feminino se identifica.

Ela se orgulha em dizer que é uma mulher negra e lésbica que é best-seller. Hoje seu instagram @ondejazmeucoracao conta com mais de 500 mil seguidores e continua sendo a principal forma de divulgação de sua escrita.

Patrícia Melo

Considerada uma das principais escritoras contemporâneas do Brasil, Patrícia começou a carreira escrevendo roteiros para televisão e cinema. Só depois chegou à literatura.

Nascida em Assis, no interior de São Paulo, em 1962, chegou a cursar Letras na capital paulista, mas abandonou a faculdade para seguir carreira como roteirista. Na década de 1980 trabalhou na Rede Globo e na Bandeirantes.

Em 1994 publicou seu primeiro livro, “Acqua Toffana”, com duas novelas policiais. No ano seguinte veio o primeiro romance, “O Matador”, posteriormente adaptado pelo cinema (filme “O homem do ano”).

Tem diversos prêmios literários nacionais e internacionais, entre eles o Jabuti em 2001, e a inclusão na lista de “cinco melhores autores latino-americanos do novo milênio”, pela revista Time em 1999.

Seus textos não têm um estilo definido, mas é comum abordar questões como injustiça social, violência urbana e temas afins, sempre com uma narrativa forte. Na mais recente, “Mulheres Empilhadas“, de 2019, ela fala de feminicídio no Brasil.

Mais obras da autora:

– Inferno
– Valsa Negra
– Ladrão de cadáveres

Carola Saavedra

Carola é chilena, nascida em Santiago em 1973. Chilena, mas por que ela está aparecendo nessa lista de escritoras brasileiras contemporâneas?

É que Carola mora no Brasil desde os 3 anos, e é cidadã brasileira naturalizada.

Carola sempre gostou de ler e de escrever, se formou em jornalismo pela PUC-RJ e fez mestrado em Comunicação Social na Alemanha. Hoje trabalha como tradutora de alemão.

A carreira na literatura começou com alguns microcontos publicados em um blog pessoal, chamado “Escritoras Suicidas”. E em 2005 publicou seu primeiro livro, “Do lado de fora”, também com contos.

Em 2008 lançou seu primeiro romance, “Flores Azuis”, que foi vencedor do Prêmio APCA e finalista dos Prêmio Jabuti. Ainda hoje esta é uma de suas obras de maior destaque.

Tem outras premiações no currículo e livros traduzidos para o inglês, alemão, espanhol e francês. Em 2010 participou como autora convidada da Flip, em Paraty.

Mais obras da autora:

– Convivência
– Toda terça
– O inventário das coisas ausentes
– Com armas sonolentas
– Paisagem com Dromedário 

Amara Moira

Amara Moira nasceu em Campinas, São Paulo. É transexual, feminista e ativista.

É escritora e doutora em teoria literária pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas. Ela iniciou seu processo de transição de gênero durante o doutorado, e foi a primeira mulher trans a obter o título de doutora nessa universidade, utilizando seu nome social.

Seu nome significa “destino amargo”, tendo sido inspirado nas moiras da obra Odisséia, de Homero – videntes que previam um destino amargo para o herói Ulisses.

Amara trabalhou por alguns anos como profissional do sexo, e iniciou um blog para as suas experiências e de outras colegas de profissão.

Hoje professora, continua a trabalhar como ativista das causas trans e pela regulamentação da prostituição como profissão no Brasil. É uma das principais vozes de representatividade entre as escritoras brasileiras contemporâneas.

Seu primeiro livro, “E se eu fosse puta“, foi lançado em 2016.

Mais obras da autora:

– Vida trans: a coragem de existir
– E se eu fosse pura

Tem outras escritoras brasileiras contemporâneas pra indicar?

Claro que há muito mais escritoras brasileiras contemporâneas que não entraram nessa lista.

Essa é apenas uma pequena amostragem da enorme diversidade do nosso universo literário, especialmente da literatura feminina, que segue ganhando mais espaço.

Que outras autoras brasileiras da atualidade você conhece e quer indicar? Conta pra gente nos comentários!

Discutindo representatividade feminina na Literatura

Sorte a nossa, recentemente começaram a surgir iniciativas mundiais para discutir o tema da representatividade das mulheres na literatura.

Um bom exemplo foi o que aconteceu em 2014, quando a escritora britânica Joanna Walsh jogou luz sobre o tema com a hashtag #ReadWoman2014.

O movimento levou as pessoas a avaliar criticamente a representatividade feminina em suas estantes – e assim, quem sabe, passassem a ler mais obras de autoras mulheres.

A hashtag ganhou força mundial e foi publicada em diferentes idiomas. Aqui no Brasil, foi inspirado nesse movimento que surgiu o clube do livro Leia Mulheres, ideia de Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques.

O movimento das redes sociais foi transformado em encontros presenciais, onde as pessoas se reunem uma vez por mês para debater livros escritos por mulheres. Já há grupos de encontro do Leia Mulheres em diversas cidades do Brasil.

O movimento acabou jogando luz sobre o tema e a questão de gênero na literatura chegou também ao mercado editorial, que começou a ter mais abertura para autoras femininas, que aos poucos vão ocupando seus espaços nas livrarias e nas estantes.

Ainda há muito que evoluir para que se chegue a um patamar de igualdade ou, pelo menos, mais próximo.

Mas, como dizem, a mudança precisa começar dentro de nós.

Por isso, aqui no blog nós estamos realizado o projeto Legendi Mundi – uma volta ao mundo com livros escritos por mulheres. Já conferiu os países e as autoras que já apareceram no projeto?

Temos também a intenção de ler os livros de escritoras de cada estado do Brasil!

Tem algum livro e autora pra indicar pra gente? Deixa nos comentários!

Foto em destaque: Enzo Abramo por Pixabay 

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