Lisboa e seus poetas: um roteiro com Pessoa, Saramago e outros autores

Entre ruas estreitas, elétricos e fachadas cobertas de azulejos, Lisboa revela seus muitos encantos.

E para quem ama literatura, a cidade tem um atrativo a mais: há diversos espaços, livrarias e cafés ligados à vida e à obra de grandes escritores, e que vão interessar a você que também é um viajante apaixonado por livros.

Neste roteiro, convido você a descobrir a Lisboa dos poetas.

Lisboa, Portugal
Lisboa, Portugal. Foto: Fui ser viajante

É um roteiro que segue os passos de Fernando Pessoa, José Saramago, e tantos outros encantadores de palavras, que moraram e fizeram história na capital portuguesa.

Compartilho também o endereço de cafés, livrarias e bairros que valem a pena colocar no seu roteiro se você quiser conhecer essa Lisboa literária.

Vamos nessa?

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Lisboa para quem ama livros: um roteiro literário pela capital portuguesa

Bairro Chiado

Nosso roteiro começa no Chiado em Lisboa, bairro por onde circularam alguns dos principais nomes da literatura portuguesa.

O nome “Chiado” é usado desde o século XVII, embora ninguém saiba exatamente a origem do termo. Uns dizem que se deve ao som (“chiado”) dos bondes rolando sobre a pedra portuguesa.

Seja por esta ou outra razão, o nome pegou. Tanto que, no Largo do Chiado, há uma estátua do poeta popular António Ribeiro, que ficou conhecido como Chiado, justamente por frequentar esta parte da cidade.

Poeta António Ribeiro (Chiado). Foto: Fui ser viajante
Poeta António Ribeiro (Chiado). Foto: Fui ser viajante

Andar pelo Chiado vai te levar a conhecer muitos locais ligados aos livros e aos poetas de Lisboa.

Por exemplo, há a Praça Luís de Camões, que é citada no romance O ano da morte de Ricardo Reis, de Saramago, como parte do itinerário das caminhadas do protagonista pela cidade.

No centro da praça, desde 1867, está a estátua de Camões, autor de Os Lusíadas, a obra clássica sobre as navegações portuguesas. No pedestal do monumento, estão também destacadas mais oito figuras da cultura portuguesa.

Se você visitar o Largo de São Carlos, pode ver a placa que marca o local de nascimento de Fernando Pessoa, em 1888.

E no Largo Barão de Quintela está uma réplica em bronze da estátua de Eça de Queirós, um dos maiores romancistas portugueses (a peça original, em mármore, hoje está no Museu da Cidade).

Já deu pra perceber que um passeio literário pelo Chiado rende muitas paradas. E entre elas, quero dar destaque para mais duas em especial:

a) Livraria Bertrand do Chiado (a mais antiga do mundo)

Na rua Garrett, você pode conhecer a livraria mais antiga do mundo em funcionamento (de acordo com o Guinness Book).

Fundada em 1732, a Livraria Bertrand sustenta em suas prateleiras anos e mais anos de história e literatura portuguesa.

Livraria Bertrand - Chiado Lisboa
Livraria Bertrand – Chiado Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Por dentro, a livraria parece um pouco com um labirinto. Há várias salas, conectadas por corredores.

Em algumas delas, há placas com nomes de autores portugueses que costumavam frequentar ou são homenageados ali, como Eça de Queirós, José Saramago e Fernando Pessoa.

Vale explorar com calma, mesmo que não vá comprar nada.

Livraria Bertrand Lisboa
Livraria Bertrand Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Além dos livros, vale também dar uma espiada nos souveniers, que são criativos e muito bonitos.

Não resisti e trouxe algumas dessas bolsas lindas comigo, umas para mim e outras para dar de presente a amigos. Uma lembrança de viagem com significado!

b) Café A Brasileira

O Café A Brasileira, no Chiado, é um dos pontos mais conhecidos de Lisboa. Fica na mesma rua da Livraria Bertrand, praticamente basta atravessar a rua.

Aberto desde 1905, era frequentado por escritores, artistas e intelectuais que se reuniam ali para conversar, escrever ou apenas observar a cidade.

Café a Brasileira - Roteiro Literário por Lisboa
Café a Brasileira – Roteiro Literário por Lisboa. Foto: Fui ser viajante

O vaivém de turistas não para, mas se você usar a criatividade pode imaginar a vida nessa café há alguns anos, e até ver o Fernando Pessoa sentado num canto, observando o movimento.

Pra ser sincera, nem é preciso tanta imaginação assim para encontrar Fernando Pessoa. Você pode até mesmo tirar uma foto com ele!

Bem ao lado da entrada do café, existe uma estátua desse ilustre frequentador, esperando que você sente e puxe uma conversa!

Estátua de Fernando Pessoa em Lisboa
Estátua de Fernando Pessoa em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Alfama e o fado literário

Alfama é um dos bairros mais antigos de Lisboa e tem uma alma poética e musical, muito relacionada ao ritmo português por excelência, o fado, declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Ao visitar o Museu do Fado, você pode entender mais sobre a ligação entre o fado e a literatura, principalmente a poesia, aprendendo mais sobre escritores que influenciaram o gênero, como David Mourão-Ferreira e Manuel Alegre.

Além disso, passear pelas ruas estreitas, becos e escadarias de Alfama vai te dar a impressão de estar dentro de um cenário tirado de um livro.

É fácil entender por que tantos escritores e músicos se inspiraram nesse lugar. E também é muito comum encontrar artistas e músicas ao caminhar por estas ruas.

Ruas do bairro de Alfama em Portugal
Ruas do bairro de Alfama em Portugal. Foto: Fui ser viajante

Vale a pena entrar numa casa de fado à noite, sentar com uma taça de vinho e ouvir a música, os silêncios e a poesia. A apresentação de fado é uma experiência poética por si só.

Casa dos Bicos e Fundação José Saramago

Logo na entrada, uma frase já dá o tom da visita: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.”

A Casa dos Bicos, no bairro de Alfama, abriga a Fundação José Saramago, espaço dedicado à vida e obra desse escritor português vencedor do Nobel da Literatura em 1998.

Casa dos Bicos em Lisboa
Casa dos Bicos em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

A fachada é peculiar, com seus marcantes “bicos de pedra”, um dos maiores destaques arquitetônicos de Lisboa.

Dentro da casa, você vai viver um mergulho na literatura, mas também na história de Lisboa. Logo no piso térreo, podemos ver as ruínas arqueológicas de Olisipo, que era como a cidade se chamava na época dos romanos.

Entre os séculos I e IV, Olisipo era um importante centro de produção de derivados de peixe, e parte dessa atividade ocorria exatamente na região onde a Fundação José Saramago está hoje.

Casa dos Bicos em Lisboa
Casa dos Bicos em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Durante obras para instalar a fundação neste edifício, foram encontrados antigos tanques de salga, estruturas de produção, os restos de uma torre e até um trecho de uma antiga muralha romana, com cerca de 18 metros.

Os achados arqueológicos foram incorporados ao circuito da visita à Fundação José Saramago, e mostram como a relação da cidade com o rio Tejo é mesmo tão antiga!

Casa dos Bicos em Lisboa
Casa dos Bicos em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

E ao subir as escadas, o mundo de Saramago se abre para você, também como se fosse uma janela com vista para o rio Tejo.

Você pode apreciar o acervo pessoal do autor, incluindo primeiras edições, manuscritos, cartas e objetos da sua rotina.

O espaço também abriga exposições e atividades ligadas à literatura, à cidadania e aos direitos humanos, todos temas centrais na obra de Saramago.

Fundação José Saramago em Lisboa
Janela da Fundação José Saramago em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Outra coisa incrível é que o túmulo de Saramago também está bem ali, em frente à Casa dos Bicos.

O autor repousa sob a sombra de uma oliveira, que foi trazida da sua terra natal, Azinhaga.

Túmulo de José Saramago em Lisboa
Túmulo de José Saramago em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Casa Fernando Pessoa

A casa onde o poeta Fernando Pessoa viveu seus últimos anos em Lisboa fica no bairro Campo de Ourique.

O espaço preserva objetos pessoais, manuscritos e fotos que mostram um pouco do seu cotidiano. Você pode se envolver no universo desse homem cheio de heterônimos, os múltiplos “eus” de Fernando Pessoa.

Lx Factory e Livraria Ler Devagar

Imagine um antigo complexo industrial reinventado como pólo criativo da cidade: essa é a LX Factory.

LX Factory Lisboa
LX Factory Lisboa. Foto: Fui ser viajante
LX Factory Lisboa
LX Factory Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Lá você encontra restaurantes e muitas lojas de artistas, designers, editoras independentes e, para nossa alegria, uma livraria linda!

Logo que a gente entra na Livraria Ler Devagar, a escultura da bicicleta voadora suspensa no ar atrai toda a atenção. Mas acredite em mim: tem muito mais para ver nesse lugar!

Livraria Ler Devagar em Lisboa
Livraria Ler Devagar em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

A livraria está situada numa antiga gráfica, com prensas originais ainda em exposição.

Nas estantes, você encontra desde clássicos portugueses até os mais contemporâneos. Sem falar na forte presença de títulos de editoras independentes.

Foi um dos lugares favoritos do meu roteiro literário em Lisboa, e se você também é um apaixonado por livros, recomendo muito que visite também!

Livraria Ler Devagar em Lisboa
Livraria Ler Devagar em Lisboa. Foto: Fui ser viajante
Livraria Ler Devagar em Lisboa
Livraria Ler Devagar em Lisboa. Foto: Fui ser viajante

Para levar na bagagem

Não é preciso ser especialista em poesia ou ter lido toda a obra de Pessoa ou Saramago para aproveitar esse roteiro.

Basta gostar de histórias, de passear os dedos por livros nas estantes, de cafés antigos e de becos que terminam em miradouros. Isso tudo, a Lisboa literária tem de sobra.

Lisboa literária
Lisboa literária. Foto: Fui ser viajante

E, como toda boa leitura, esse roteiro termina com uma deixa.

Fica aqui uma página em branco para que você complete essa história, descobrindo você mesmo a poesia de Lisboa em cada esquina durante a sua viagem.

Bom caminho e boas leituras, meu amigo leitor-viajante!

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Lila Cassemiro
Klécia Marília Cassemiro (Lila) é fotógrafa, videomaker e editora de conteúdo no blog Fui Ser Viajante. Também é sommelier de cervejas, formada pelo Instituto Science of Beer. Viajante especialista em desenhar roteiros fora do óbvio e descobrir os segredos mais bem escondidos de cada destino.
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