8 on 8 – Beleza (pisos e ladrilhos na América do Sul)
Eu fui uma dessas crianças que chegava em casa toda machucada dos tombos que levava. Minha mãe dizia que eu andava com a cabeça nas nuvens – essa velha mania de sonhar demais.
Ela pegava na minha mão e insistia: olha pro chão, assim você não cai. O conselho virou mania e hoje eu não consigo evitar. Não importa onde eu esteja, sempre vou olhar com atenção para o lugar onde coloco meus pés.
O chão que passa despercebido de tanta gente, começou a me encantar com os detalhes dos seus pisos e ladrilhos.
‘No meio do caminho tinha uma pedra’. Tinha uma beleza escondida em formas geométricas, em cores, em desníveis. Em palavras escritas com risca de giz.
Eu adoro uma #selfeet: fotografar meus pés em pisos e ladrilhos bonitos que encontro pelo caminho. Beleza em forma de chão.
Pra mim não importa se é um mosaico multicor, um azulejo português ou uma calçada poeticamente descascada. Se eu vi beleza, vira fotografia.
O projeto fotográfico 8 on 8 desse mês é sobre beleza. E nós aqui do Fui ser viajante estamos de trazendo a beleza que nossos pés encontraram pela América do Sul, enquanto a gente viajava pelo Peru, Bolívia e Chile, em setembro de 2017.
Uma beleza inusitada, diferente, simples, provocativa talvez. Uma beleza delicada, que muita gente nem percebe. A beleza dos pisos e ladrilhos que a gente encontrou pelos caminhos dessa Sul-américa!
Beleza (pisos e ladrilhos na América do Sul)
1) Museu de Arte de Lima – MALI, Lima
O Museu de Arte de Lima foi a primeira atração que visitamos na cidade de Lima.
Ele nem estava no roteiro, mas passando em frente ao prédio, fui hipnotizada pela bonita arquitetura e não resisti a entrar para dar uma espiadinha. Valeu muito a pena!
Além de uma coleção impressionante de arte que cobre praticamente toda a história do Peru, o MALI é incrivelmente lindo por dentro.
Eu acho que os contrastes e simetria são alguns dos motivos pelos quais pisos e ladrilhos chamam tanto a minha atenção. E o MALI é um prato cheio para quem gosta de uma bonita arquitetura, desde o chão até as paredes.
O prédio brinca com os tons de branco e preto, e o enorme salão que abre a sala de exposições temporárias mais parece um enorme tabuleiro de xadrez.
Leia também: O Museu de Arte de Lima e o café MALI
2) Antigua Miami, La Paz
Sim, adoramos café. Se a cafeteria for um misto de antiquário, com uma decoração detalhista e carregada em pequenas lindezas vindas de todas as partes do mundo, aí o programa fica perfeito.
Minha cafeteria favorita em La Paz, que visitei algumas vezes durante a estadia na cidade, se chama Antigua Miami.
Ela fica na região turística do Mercado de las Brujas, e me ganhou desde quando eu passei na frente do estabelecimento.
Lá dentro, a cafeteria parece uma grande colcha de retalhos. As xícaras não fazem par com os pires, pratos e garfos: tudo parece ter sido escolhido aleatoriamente para vir compor o lugar.
O café é bom, a música sempre de qualidade, o preço justo. E a decoração é um atrativo a parte. Eu queria passar horas só descobrindo os pequenos detalhes do lugar!
E tinha também esse chão, de tantos pedaços vindos de tantos lugares. Um mosaico bonito em suas diferenças, como tudo na Antigua Miami.
3) Igreja e convento de São Francisco, Lima
De todas as atrações que a gente visitou no centro histórico da capital peruana, a Igreja e Convento de São Franscisco com certeza ficou entre as favoritas.
O tour guiado pelas antigas catacumbas e pelo interior da igreja é um passeio muito interessante, rico em história da cidade, e muitos mistérios que sobrevivem desde à época do Peru colonial.
Infelizmente, não é possível fotografar nesse tour. O único lugar dentro do antigo convento onde podemos fotografar é a recepção, onde compramos os ingressos para o passeio.
Essa foto é do piso desse salão, que me encantou com suas multicores, que fazem um contraste enorme com a sobriedade das paredes do lugar.
Leia também: Um passeio pelo centro de Lima, no Peru: o que ver, visitar e provar
4) Deserto do Atacama, Chile
O Deserto do Atacama é um lugar incrível para fotos do horizonte. Eu peguei o celular e queria posicionar a câmera bem próximo à estrada, pra fazer um clique com a sensação de infinito que o deserto dá.
Com tanto sol, não vi que a câmera de selfie estava ligada, e acabei fotografando o ‘lado errado’. Mas no fim, não é que eu gostei do resultado? O Atacama sempre surpreende.
5) Bairro Chino, Lima
Quando as culturas de diversas partes do mundo se misturam, o resultado quase é sempre interessante. O Peru recebeu uma enorme quantidade de imigrantes chineses, o que impactou no comércio e na gastronomia do país.
O Bairro Chino de Lima é bem pequeno mas traz características marcantes desse encontro de povos.
Além dos cheiros, cores e lojas que se misturam pelas esquinas, o chão da rua principal, exclusiva para pedestres, traz o horóscopo chinês detalhado.
Essa foto retrata o ano do porco, 1983, quando Rafa nasceu (eu nasci no ano do coelho, 1987).
Leia também: O que fazer em Lima: principais atrações para um roteiro de 3 dias
6) Museu Mario Testino (MATE), Lima, Peru
Meu museu favorito de Lima é o Museu Mario Testino. Um museu bem moderno que traz a vida e a obra do fotógrafo de celebridades Mario Testino.
O museu dá destaque tanto aos clicks cheios de glamour de famosos, registrados pelas lentes de Testino, quanto ao trabalho do artista sobre a arte e cultura do Peru.
Ao mesmo tempo em que o museu traz a modernidade da fotografia para as salas de exposição, com impressões de foto em larga escala e projeções de vídeo, a casa onde ele está hospedado é um edifício histórico, cheio de detalhes encantadores, como esse piso em ladrilho.
7) Barranco, Lima
Barranco é o bairro da boemia, dos artistas, da poesia em Lima. Um bairro que parece que parou no tempo. Pela Ponte dos Suspiros, locais e turistas se revezam formando um mesmo burburinho.
Mais à frente, uma pequena multidão toma conta do pólo gastronômico.
Mas seguimos por um lado menos movimentado, procurando o caminho da Bajada de Baños, um dos poucos lugares de Lima onde a gente pode chegar bem pertinho do Oceano Pacífico.
No caminho, as pequenas pedras irregulares marcavam o passo. E eu achei que elas representam perfeitamente a alma do distrito de Barranco, bonitas em sua irregularidade.
Um tanto antigo, um pouco ultrapassado, mas ainda assim, tão, tão poético.
Leia também: Barranco, em Lima: o bairro das cores, arte e boemia
8) Restaurante Tio Mario, Lima
Padrões, formas e cores são a minha maior fraqueza, tenho que admitir. E esse piso do tradicional restaurante Tio Mario, em Barranco, Lima, é um exemplo perfeito de simetria que deixa meu coração (e o meu TOC) bem feliz.
Há quem diga que Lima é uma cidade cinzenta. Acredito firmemente que essas pessoas andam por aí sem prestar muita atenção no chão onde pisam 🙂
Tem muito mais beleza na blogosfera! Esse post faz parte de uma blogagem coletiva fotográfica. Minhas amigas blogueiras prepararam posts para abordar a beleza em suas mais diversas formas.
Libertem a criatividade e venham passear entre as belezas do mundo com os blogs Diário de Polly, Mulher Casada Viaja, Quarto de Viagem e Turistando.in.
Eu esqueci de falar Klécia, eu incluí seu blog nos meus favoritos, se quiser incluir o quartodeviagem aqui na sua lista ficarei bem feliz, abraços
que post interessantíssimo, eu sempre tiro fotos dos pezinhos por aí, mas nem imaginava que tinha um nome pra isso, adorei a sua perspectiva e o background dos lugares! beijos
Não fazia ideia que a minha mania tinha nome: selfeet! Eu sempre faço isso e mato marido de raiva porque paro do nada para tirar foto dos meus pés nos chãos bonitos que vejo por aí. O seu post é um colírio para os meus olhos, AMEI todas as fotos e a história por trás delas 🙂 Obrigada por compartilhar! Beijo grande
Hahaha eu também sempre tenho que sair correndo atrás de Rafael, porque me atraso por culpa da selfeet! heheh
Obrigada pela visita e comentário, Pollyane! 🙂
Selfeet… to ficando velha mesmo! Nao sabia que isso existia
hahahahahaha
Vai ver que é porque raramente faço!
Tua foto do Atacama ficou super engraçada! Ainda bem que a câmera de selfie estava ligada! Ficou show!
Mas fiquei curiosa com a tua foto de capa.. To com receio de chutar errado!
hahahahaha
Onde é?
Oi Ju, é em La Paz. Mirador Kiri Kiri. Uma ótima vista da cidade – e uma boa dose de poesia no chão 🙂
Nem preciso dizer que adorei o post, não só pela introdução (adoro historinhas), mas porque também ando olhando pro chão (é hereditário, não foi conselho de mãe, não). Tenho muuuitas selfeet, mas não conhecia a expressão! Essa foto do Atacama está linda, adorei a textura do asfalto e as montanhas ao fundo. Beijos
Marcia, também adoro historinhas 🙂
A do Atacama tem um lugar especial no meu coração, representa muito mais do que um pé na estrada – representa uma viagem e um modo de ver o mundo que cada vez mais eu acredito – e um lugar que me marcou pra sempre.
Beijos e ótimas viagens pra gente!
Oi Klécia… Eu também adoro um piso. Sempre estou com um olho nas nuvens e outro no chão, observando, descobrindo seus detalhes…
O piso do Mali é lindo, mas não conseguia desviar meus olhos do Café Antigua Miami… Toda a sua descrição, da baguncinha desconectada de qualquer ordem, me fez amar este espaço. Assim como o colorido que não conversa da Igreja de São Francisco.
Pisos e mais pisos lindos. Horóscopo chinês pelo chão?! Que massa!!!! O de Testino é belíssimo! Assim como o do Tio Mario.
Sabe que uma das memórias mais fortes que tenho do Atacama é da estrada?! Aquilo me marcou!
Contudo o piso que eu mais gostei foi o de Barranco. Talvez por lembrar minhas raízes! 🙂
Adorei e viajei muito em sua bonita seleção! bjus
Aninha, andamos viajando como sempre em sintonia, um olho no chão e outro nas nuvens, atentos e aguçados em descobrir belezas. O piso de Barranco realmente é tão interessante: poesia, desconstrução, velho e novo que se misturam. E anota o nome da Antigua Miami quando for a La Paz, por favor. Você vai adorar!